Uma dos maiores obstáculos na utilização de material nuclear na produção de energia, é a dificuldade de lidar com os resíduos, sendo a carga poluente danosa de forma “permanente” para o planeta. Mas a Universidade de Bristol, no Reino Unido, encontrou uma forma de converter milhares de toneladas de resíduos nucleares em baterias. As baterias de Diamante podem gerar uma pequena corrente eléctrica por mais tempo do que toda a história da civilização humana.
Estas baterias podem ser feitas de níquel-63, que tem a vida-média de, aproximadamente, 100 anos, o que significa que o protótipo do dispositivo ainda manteria, aproximadamente, 50% de sua “carga” durante 100 anos. Contudo, os cientistas dizem que há uma fonte ainda melhor com a qual poderiam trabalhar – e isso acabaria por fornecer uma solução para a enorme qualidade de lixo nuclear existente no Reino Unido.
Como podemos ler na publicação ScienceAlert, os reatores Magnox estão a ser desmontados após mais de meio século de serviço. Estes reatores usavam blocos de grafite, mineral que vem da mesma composição química básica do diamante, como retardadores para os neutrões e manter o processo de fissão nuclear em funcionamento. Porém, após décadas de exposição, isso deixou o Reino Unido com 104.720 toneladas de blocos de grafite, agora classificados como resíduos nucleares por causa da radiação alterar parte da substância em carbono-14 radioativo.
O que é o Carbono-14?
O carbono-14 é um isótopo de carbono instável.
O que nos diz que as toneladas de grafite precisam ser armazenadas e vigiadas com segurança enquanto permanecem radioativas. Mas obviamente seria um longo período, dado que o carbono-14 tem em média de 5.730 anos de vida. Trazendo esta perspectiva, a equipa da Universidade de Bristol decidiu tentar transformá-lo em uma fonte de energia extremamente duradouras.
Mas onde poderão ser usadas estas baterias?
Segundo os investigadores, estas baterias de carbono-14 teriam grande aplicação em cenários onde fosse necessário baixa potência de energia, embora a sua resistência fosse avassaladora.
Trazendo o exemplo da tradicional pilha AA alcalina que pesa cerca de 20 gramas, tem uma capacidade de armazenamento de 700 Joules por grama, e usa esta energia em funcionamento contínuo, cerca de 24 horas. Uma bateria de diamante, contendo 1 grama de carbono-14, produzirá 15 Joules por dia, mas continuará a produzir essa energia por 5.730 anos.
Por esta perspectiva a produção poderia tornar as baterias de diamante úteis em situações onde não é possível carregar, ou substituir, baterias convencionais. Então poderiam ser uma solução “definitiva” para alimentar dispositivos elétricos de baixa potência, onde a vida longa da fonte de energia é necessária, como os pacemakers, satélites, drones de alta altitude ou até mesmo naves espaciais.
Os investigadores da Universidade de Bristol, contudo, afirmam que ainda é cedo para falar sobre a aplicação prática, pois o interessante no momento será mesmo o fato de se poder eliminar do planeta uma enorme quantidade de lixo nuclear e, claro, se com isso o mundo obtiver uma bateria que alimenta gadgets para “todo o sempre”… melhor ainda.